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Quebra-nozes

“Se você não está satisfeito com o rumo que sua vida está tomando, modifique-o. Não me agrada ouvir as pessoas suspirando e atribuindo os fracassos do presente a erros de vidas passadas; isso é preguiça espiritual. Ponha mãos à obra e arranque as ervas daninhas do jardim de sua vida.”

Yogananda

Nossa vida pode ser influenciada pelas atitudes que tomamos em vidas passadas. É possível que alguns dos problemas que hoje enfrentamos encontrem suas causas em existências anteriores. Identificaremos tais situações naquelas dificuldades em que em nada, absolutamente nada, contribuímos para sua ocorrência. Males estranhos à nossa vontade, aquilo que, geralmente, denominamos de “fatalidade”.

Allan Kardec dá os seguintes exemplos: “a perda de entes queridos e dos que sustentam a família. Assim também os acidentes que nenhuma previdência pode evitar; os reveses da fortuna, que frustram toda as medidas de prudência; os flagelos naturais; e ainda as doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, etc” Afora essas situações excepcionais, todos os demais sofrimentos encontram causa na presente existência.

Somos herdeiros de nós mesmos, e o passado se manifesta no presente, seja o passado que vem de outras existências, seja o passada a da atual experiência. A vida sempre nos devolve os que ofertamos a ela, e faz isso com fins pedagógicos, jamais punitivos, permitindo que cada um experimente os frutos que plantou em suas andanças pela vida e tome consciência do resultado da sua lavoura, para modificar as atitudes que não deram bons resultados.

É óbvio que o resultado desse processo não é meramente contemplativo, isto é, não visa a que cada um apenas olhe para o desastre da sua colheita e permaneça imóvel diante dele. O propósito da experiência desagradável é fazer com que a criatura se transforme diante do insucesso da plantação. Não é para que ela se acomode na falsa poltrona do “carma de vidas passadas”, sofrendo por sofrer, adormecida na preguiça espiritual, que nenhum benefício lhe trará.

O  espinho cravado na carne serve para nos incomodar ao ponto em que, não suportando mais a dor, tomemos a atitude de arrancá-lo de nós, e não para que nos acomodemos a ele, sofrendo sem proveito!

Consciência e transformação são palavras fundamentais quando se almeja o desenvolvimento espiritual e, para não dizer, a própria felicidade. Comumente, a dor é o agente transformador da nossa consciência. Funciona à semelhança de um quebra-nozes: objetiva quebrar a nossa casca de ignorância, a fim de encontrarmos a nossa essência divina. O sofrimento nos intima a refletir sobre as escolhas que fizemos na vida e os resultados que elas trouxeram. Conscientes da estrada que percorremos a seara onde ela nos levou, estaremos em condições de fazer as transformações necessárias, escolhendo roteiros de vida mais condizentes com os nossos propósitos de amor, saúde, paz e alegria.

Não devemos viver como prisioneiros do ontem, seja do passado presente ou do passado remoto. Passado é lição, advertência, não sentença condenatória irrevogável! A vida é uma experiência pedagógica de erros e acertos, fracassos e vitórias, num aprendizado de contínua transformação. Mas o aluno que mais sofre nesta escola não é aquele que errou, mas aquele que se acomodou no erro e não quer aprender a lição. Para ele, o quebra-nozes ainda será muito útil!